Luto não vivido
Muitas pessoas buscam Constelações familiares a fim de superar um luto mal vivido ou até mesmo um luto que foi impedido de ser vivido. Como estou na Bélgica e atendo também público brasileiro, as vezes algum familiar importante falece no Brasil e não há tempo de quem está aqui, ir aos atos fúnebres. Fica faltando uma parte, algo que não pode ser propriamente encerrado, é mais difícil de ser superado.
Em constelações pode-se de uma maneira muito especial, dar um último adeus a um familiar ou ente querido, e através deste ritual, reestabelecer seu lugar e seguir em frente.
Falecimento de crianças e jovens no sistema:
Em termos de impacto na família, a morte de um membro de forma prematura, é um dos exemplos que mais traz desordem e turbulência no sistema familiar. Por esta razão, é bastante comum que entes familiares sofram demasiadamente a morte de um ente querido, especialmente crianças.
Nossa sociedade ocidental não nos prepara para a morte. Não há informações suficientes disponíveis sobre o processo de morrer e deixar morrer, situação inversa em alguns países asiáticos. Falar sobre morte é muitas vezes tabu e algo que deve ser evitado ou que traz azar. Não se compreende que morrer e nascer são dois processos tão naturais no universo quando a existência do dia e da noite.
Um não existe sem o outro.
Mortes prematuras desafiam de maneira mais intensa um sistema familiar. Aborto espontâneos ou provocados, morte de crianças e jovens na família, podem trazer dificuldades intensas para quem permanece vivo.
O PROCESSO DE MORRER
Morrer não exclui ninguém de seu sistema.
Esta pessoa apenas passa a fazer parte de uma outra dimensão. Cada membro que nasce em uma família tem o direito de pertencer a este sistema, e cada membro que morre, tem o direito de não ser excluído.
A morte de um ente querido não interrompe o vínculo e o pertencimento a um núcleo familiar, e quem morre deve ser deixado seguir seu caminho, ir-se!
E deve também ser acompanhado e receber suporte durante sua passagem a uma outra dimensão de existência.
Pela fenomenologia nada é mais contrário ao princípio de existência que tentar reter uma pessoa morta no campo da vida, tornando pesado o seu fim e sua necessidade de ter de partir. Desrespeita o seu destino, retira dela a Força e quem tenta retê-la, sofre por uma arrogância inconsciente, tornando sua própria vida muito mais pesada.
Aqueles que morrem sofrem não apenas porque perdem a vida, mas também porque se separam das pessoas que amam e geralmente se preocupam com eles. Para manter o sistema saudável, os mortos devem ser deixados de lado, mantendo sua posição e seu papel: eles permanecem ativos no sistema, simplesmente não têm mais um corpo físico, mas sobrevivem como reservatórios de energia.
Além do choque que pode resultar da natureza repentina e inesperada do evento, deve ser considerado um período mais ou menos longo (geralmente de 6 a 24 meses) em que o luto deve ser processado.
Texto parcialmente adaptado e extraído de www.costellazionefamiliariesistemiche.it la citta della Luce.